Ponto de Vista de Yolanda
"Gorda porca,"
Parei imediatamente ao ouvir àquelas palavras. Ninguém precisava me dizer quem era a pessoa, além do arrepio frio que percorreu minha espinha. O medo me invadiu e eu suspirei, pensando se deveria me virar ou simplesmente ir embora.
"Estamos falando com você, porca." Ouvi a voz de Orson novamente e me virei lentamente para encontrar os rostos enfurecidos dos trigêmeos e, claro, o de Kelsey também.
Os rostos deles endureceram assim que viram meu rosto. Eles me odiavam profundamente e me mostravam isso todos os dias. Toda a minha vida fui maltratada e intimidada por eles, e por quase todos na escola. Eu era vista como a garota nerd e impopular, que vestia trapos para a escola, uma Ômega patética e uma ninguém. Isso dava aos alunos uma vantagem sobre mim, e eles se certificavam de me mostrar o quão inútil eu sou.
"O que diabos você estava falando sobre nós?" Perguntou Philbert, e franzi a testa, confusa.
"Eu… Eu não sei do que você está falando." Gaguejei enquanto dava um passo para trás. Meus olhos desviaram para Kelsey enquanto ela me encarava com os braços cruzados, olhando para mim com aquele desgosto familiar em seus olhos.
O que ela fez desta vez? Que mentira ela contou a eles novamente sobre mim?
Ser intimidada pelos trigêmeos não era suficiente, Kelsey tinha prazer em tornar minha vida um inferno. Ela usava toda oportunidade que tinha para me mostrar que era melhor do que eu em todos os aspectos, e eu nunca discutia. Kelsey era perfeita. Ela tinha a aparência, o corpo e a atitude. Ela era a filha do Beta e definição de cadela mimada. Os trigêmeos andavam com ela e não havia dúvidas de que ela se acasalaria com um deles, se não com os três, e ela tinha prazer em me falar isso todos os dias.
"Fizemos uma pergunta simples, sua cadela. O que você estava falando sobre nós?" Orson perguntou e eu balancei rapidamente a cabeça. Ele era o mais cruel e direto dos três, e eu nunca quis cruzar seu caminho.
"Eu não disse nada", eu respondi. "Eu realmente não disse nada. Não entendo o que está acontecendo aqui." Me defendi.
Procurei em seus rostos, mas só conseguia ver ódio puro neles. Enquanto Orson e Philbert pareciam que me matariam a qualquer momento, Albert estava lá com seu comportamento tranquilo de sempre, mas seus olhos eram como raios perfurando minha alma.
"Acho que precisamos te dar uma lição primeiro. Talvez isso abra sua boca", disse Orson se aproximando de mim. Tentei correr, mas ele pegou minha bolsa e me empurrou no chão. Gritei quando ele puxou minha cabeça para trás, puxando cabelo junto.
"Por favor, me solte," Minha voz saiu em um sussurro devido à dor que ele estava me causando.
A próxima coisa que vi foi Philbert se erguendo sobre mim. "Você teve a audácia de falar coisas nojentas sobre nós,"
"Coisas nojentas? Não, nunca." Respondi imediatamente. Por que eu diria coisas nojentas sobre eles quando tenho tanto medo deles? Isso não faz sentido.
"Cale a boca! Kelsey nos contou todas as coisas ruins que você disse sobre nós, e Kelsey não mente." Philbert disse sem emoção.
Eu sabia que isso era tudo culpa dela. Eu tentei olhar para ela, mas Orson puxou minha cabeça para trás novamente, fazendo-me gritar de dor.
"É melhor você admitir o que fez antes que eu te mostre do que eu sou realmente capaz." Orson ameaçou e eu arregalei os olhos.
"Eu não disse nada. Juro —" Eu estava prestes a dizer quando Philbert me interrompeu com um tapa. Minha visão embaçou com o impacto e eu senti minha bochecha arder. Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu mal conseguia manter meus olhos abertos.
"Sua maltrapilha! Parece que somos muito tolerantes com você, e por isso você pensa que pode sair falando besteiras sobre nós. Você será definitivamente punida por isso hoje, sua porca." Orson me levantou.
Meus olhos encontraram os de Albert. Ele não disse nada e apenas assistiu seus irmãos me jogando de um lado para o outro como se eu fosse um pedaço de pano. Orson me chutou e eu caí de cara no chão. Gemi, já sentindo o gosto de sangue na minha boca.
"Ela é tão patética," Eu ouvi Kelsey dizer e olhei para cima para encontrar seus olhos. Ela tinha aquele sorriso diabólico no rosto. Só Deus sabe o que fiz para ela me odiar tanto.
Depois que eles terminaram de me bater, Orson me arrastou para a cozinha.
"Está vendo esses pratos, lave-os novamente." Ele ordenou.
"Mas, eles não estão sujos." Eu consegui falar, apesar da dor que sentia em todo o meu corpo.
Eu disse e imediatamente Albert caminhou até a panela de sopa no fogão elétrico, pegou e a esvaziou em cima de toda a louça. Meus olhos se arregalaram ao vê-lo derramar os restos no chão da cozinha. Quando ele terminou, pegou um guardanapo e limpou as mãos antes de se virar para olhar para mim.
"Pronto, agora está sujo," Sua voz era calma, mas cruel. Como ele poderia ser tão cruel? "Para o carro, agora mesmo." Ele ordenou e saiu da cozinha.
Orson soltou meu cabelo com um resmungo e saiu, seguido por Philbert, que riu e cutucou minha testa.
Kelsey riu. "Acho que você vai estar muito ocupada e não conseguirá assistir a primeira e a segunda aula. Você deveria aprender a controlar sua língua, porca. Talvez na próxima, eu considere ser mais tolerante com você," Ela riu e eu franzi a testa.
Ouvi passos e achei que ela estava saindo, mas o que ouvi a seguir foi o som de água caindo no chão. Olhei para cima, espantada.
"Ops, acho que minhas mãos escorregaram." Dito isso, ela desfilou para fora da cozinha, balançando seus quadris enquanto saía.
Mesmo sentindo uma dor excruciante irradiando pelo meu corpo, me forcei a levantar. Que pena que o analgésico que tomei ontem antes de ir para a cama não funcionou. Eu nem sabia se ele tinha efeito, porque acordei esta manhã sentindo todo o meu corpo dolorido, e agora isso? Larguei minha bolsa no balcão e soltei um suspiro dolorido.
Enxuguei minhas lágrimas, sem saber por onde começar a limpar essa bagunça. Eu sabia que tinha que começar de algum lugar, mas onde exatamente? Após olhar em volta, decidi começar pela louça. Se ao menos houvesse alguém a quem eu pudesse relatar tudo e ele ou ela me ajudasse a repreender os trigêmeos e a Kelsey pelo que fizeram comigo, se ao menos eu não fosse uma Ômega fraca, então teria sido mais fácil para mim ficar aqui. Não tinha a quem eu pudesse recorrer, porque ninguém se importava, ninguém ligava se eu vivesse ou morresse. O Alfa também não se importava nem um pouco. Desde que eu não morresse, não havia problema.
Em uma hora terminei tudo. Rapidamente peguei minha bolsa, pendurei-a sobre meu ombro e literalmente corri para a escola. Eu estava muito atrasada e super encrencada também. A escola era fácil de chegar a pé, mesmo sendo um pouco longe, mas eu consegui. Antes de entrar, enxuguei meu rosto, arrumei meu cabelo e roupas desalinhadas, e então respirei fundo.
Suspirei ao chegar no corredor. Três aulas já tinham acabado e dr*ga, eu havia perdido a prova de física. Conheço aquela mulher muito bem, ela nunca me daria uma prova de recuperação.
"Yolanda!"
Virei para ver Blake correndo em minha direção.
"Te procurei por toda parte. Você não estava na aula por três períodos. O que aconteceu?" Ele perguntou e eu suspirei.
"Advinha", eu respondi, segurando as lágrimas que ameaçavam cair dos meus olhos.
"Eles te intimidaram de novo, né?" Ele colocou a mão no rosto e eu concordei com a cabeça. "Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Isso não vai durar muito tempo", ele me consolou.
Consegui esboçar um sorriso. Sim, não vai durar, porque quando eu fizer 18 anos em alguns meses, definitivamente irei embora do palácio e viverei minha vida longe daqueles monstros.
"É hora do almoço. Vamos para a cantina", sugeriu Blake, mas hesitei porque não tinha dinheiro na minha conta estudantil, então não tinha chance de eu conseguir comida. "Sei no que você está pensando, Yolanda. Não se preocupe, o lanche é por minha conta." Ele deu um tapinha no meu ombro e eu sorri.
"Obrigada." Murmurei enquanto íamos juntos para a cantina. Blake é a única pessoa que é legal comigo por aqui e não me intimida. Não sei se é porque temos a mesma personalidade, calmas quieta e tímida, mas nos conhecemos e nos tornamos amigos.
Quando chegamos à cantina, todos os olhos instantaneamente se voltaram para mim. Os estudantes olhavam para mim como se eu fosse lixo retirado de uma lixeira. Ignorei seus olhares e segui atrás de Blake.
Alguém estendeu a perna e quase caí, mas um par de mãos me segurou. Respirei fundo e olhei para cima para ver quem tinha me segurado. Era o Albert.
O encarei por um tempo, mas abaixei o olhar, feliz por ele impedir minha queda, mas falei cedo demais, pois ele, de repente, me largou e eu caí no chão.